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Fotos: Divulgação/
Para a poetisa catalã Irma Estopiñà ,"a poesia é uma forma de ver o mundo, mas, mais do que isso, é uma forma de atravessá-lo". Alex Teixeira de Barros, 38 anos, apenado, cumprindo pena de 4 anos e meio, por tráfico de drogas, no presídio Estadual de Júlio de Castilhos, atravessou, por meio dos poemas, a angústia do cárcere. O livro A Liberdade Começa no seu Pensamento: Transpondo Muros Através da Poesia, que será lançado nesta quarta-feira, é fruto do esforço de um homem em busca de redenção e de superação.
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Por meio de um projeto de artes, desenvolvido no presídio, ele e outros apenados encontram na produção cultural um caminho mais leve até o retorno à sociedade. A cerimônia de lançamento será às 14h30min, no Centro Cultural Álvaro Pinto. O livro custa R$ 25 e será distribuído para bibliotecas de outros presídios do Estado.
O PROJETO
O diretor do Presídio Estadual de Júlio de Castilhos, Gabriel Marcelo Moresco, conta que vem construindo alguns projetos que enfatizam o protagonismo e a construção criativa dos apenados.
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- É para que eles possam se colocar no lugar de produção. Mas não uma produção meramente mecânica e repetitiva, mas que eles possam trazer suas experiências e colocar como importante e positivo para eles e para a sociedade. O livro do Alex se lança para a história, a gente acredita que as pessoas vão gostar dele e que ele vai ser muito importante para outras pessoas que estão presas. Esperamos que seja um motor para que projetos como esse possam se desenvolver também - comenta o diretor.
Gabriel refere ao apenado o sucesso na produção da obra, que tem 58 poemas, divididos em 5 capítulos.
Confira a entrevista de Alex:
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Diário - O que te inspirou a escrever esse livro de poemas?
Alex - Minha inspiração, primeiramente, é a minha família, o anseio pela liberdade, de mudar minha realidade para melhor. O livro funcionou para mim como uma terapia. Aqui, o espaço é limitado, e, através da poesia e da imaginação, me senti uma pessoa livre. O Gabriel também me deu muita força. Um pouco de tudo isso me motivou a escrever esse livro.
Diário - Você teve algum contato com poesia anteriormente?
Alex - Há um tempo, eu havia escrito algumas poesias. Uma ou duas estão no livro. Comecei mesmo a desenvolver a escrita aqui com o projeto, onde tenho a oportunidade de trabalhar na biblioteca e tenho contato com livros. Tem o projeto da resenha, que a cada livro lido é feita a resenha, ganhamos quatro dias de Remissão de Pena.
Diário - Que mensagem você quer passar com a publicação dessa obra?
Alex - Para os apenados, com esse livro, eu estaria demonstrando que,se a gente quiser realmente mudar a nossa realidade, a gente consegue. Para minha família, quero mostrar que foi muito bom eles não terem desistido de mim, E para a sociedade, mostrar que aqui dentro do presídio não tem só pessoas que desistiram de viver em sociedade, que acham que não vão ter mais oportunidades. Com esse livro, quero mostrar que tudo é possível se tiver pessoas que acreditam na gente. É um livro pequeno, meu primeiro. Já tenho outro quase pronto. Falta dar nome a ele e a uns capítulos, mas está praticamente pronto.
Diário - E que mudanças você percebeu no presídio com sua atuação no projeto?
Alex - O livro incentivou outros detentos a escreverem. Eles participam escrevendo poemas, alguns causos, piadas. Motivou bastante e acho que, mais para o futuro, é bem capaz de aparecerem mais autores aqui. Tem pessoas que se identificaram com a minha história e com o incentivo da casa prisional, logo eles vão aparecer.